Uma história da aids no Brasil

No contexto da exposição “Orgulho e Resistências: LGBT na ditadura”, que aconteceu entre 15 de outubro de 2020 e 17 de maio de 2021, no Memorial da Resistência, com curadoria de Renan Quinalha e em colaboração com a Casa1, trazemos “Uma história da aids no Brasil”, de Marcos Visnadi. Assim como os personagens Thiago, o protagonista de Lembro todo dia de você, Brenda Lee (de Brenda Lee e o palácio das princesas) e Herbert Daniel (de Codinome Daniel), o texto a seguir se inspira em um relato pessoal, no caso, na vida de uma parente do autor. Boa leitura!

Uma história da aids no Brasil

Marcos Visnadi

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Quando a tia Rute nasceu, não era nem tia nem Rute, nem mulher nem gente ela era, embora rápido a gente se torne: homem, mulher, raramente alguma coisa além disso, e gente e parente e o próprio nome, e passe o resto da vida se encaixando ou se desencaixando do que vaticinaram quando a gente entre gritos e sangue e fezes nasceu. Minha bisavó teve filhes até não mais poder, provavelmente entre os anos 20 e 40 do século passado, ou seja: faz tempo. Tia Rute foi a última, a caçula, a mais próxima, e mesmo assim não sobrou muita coisa. Será que ela também teve filhes espalhades por aí? Não se sabe. Eu, pelo menos, não sei quase nada dela. Mesmo entre as histórias da família, a dela é a mais calada: era um tempo e uma classe social sem documentos. Aos tropeços, minha vó veio dar em mim. A tia Rute também. Mas foi dar em outras partes.

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