Com quantas pedras se constrói uma editora?

2023 é o ano de nascimento da Editora Ercolano, pelo menos para a maioria das pessoas. Foi em abril deste ano que lançamos nosso primeiro título: A Menina que não fui, de Han Ryner, com tradução do nosso editor Régis Mikail. De lá para cá, o ritmo acelerou e já estamos em nosso quarto título, planejando dobrar a produção no ano que vem.

Parece simples, se contado assim, mas entre a ideia e a realização muita coisa aconteceu. Pavimentar o caminho para uma casa editorial pós-pandêmica em um mundo distópico é no mínimo uma tarefa complexa e só é possível porque é uma tarefa embebida de propósito.

A Ercolano nasceu um ano antes da publicação da Menina. Em abril de 2022, começamos a trabalhar motivados por um forte desejo de multiplicar encontros em torno de histórias pouco conhecidas, porém relevantes, e promover o arrebatamento por meio da experiência estética. Desde então, outras pessoas transbordando de amor por boas histórias vêm se juntando a nós nesse processo de construção.

Foi dentro desse contexto que, quase dois anos depois do lançamento da pedra angular da Ercolano, fomos para a nossa primeira Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), o mais importante evento de literatura do país e o maior festival em língua portuguesa realizado no mundo.

Por intermédio da escritora e pesquisadora Amara Moira, uma das madrinhas entusiastas da Ercolano, o editor carioca Jean Cândido convidou a nossa editora para integrar a programação da Casa Queer, que também estreou na Flip esse ano. Participamos de duas mesas, “O lugar da pessoa queer no mundo” e “Enviadecer o cânone, decolonizar valores”, e também pudemos realizar o lançamento do nosso catálogo, falando das particularidades de cada livro e de sua relevância para os leitores de hoje.

Apesar das intempéries típicas dessa época do ano e do apagão que a cidade de Paraty sofreu na segunda noite do festival, participamos também, como ouvintes, de diversos debates que ocorreram na própria Casa Queer e em mais espaços pela cidade. Pudemos experimentar uma das coisas mais importantes que um evento dessa natureza promove: o encontro. Entre uma pedra e outra, uma poça e outra, confraternizamos com outros editores, escritores, artistas e apaixonados por boas histórias. O acaso foi nosso melhor amigo e permitiu que alimentássemos o nosso propósito, o verdadeiro catalisador que coloca a Ercolano em movimento. Por isso, agradecemos a toda a equipe da Ercolano — composta essencialmente por mulheres —, a nossos colaboradores e, principalmente, a nossos leitores.

Encharcados de vontade, voltamos para a metrópole. Cheios de planos, de amor e com muito mais matéria a construir nosso caminho.

Jean Cândido, da Casa Queer, Roberto Borges e Régis Mikail, editores da Ercolano, e João Corrêa, também da Casa Queer
Roberto Borges, editor, Daniela Senador, consultora, e Régis Mikail, editor, todos da Ercolano
Régis Mikail, editor da Ercolano, com a Ercobag
Jean Cândido, da Casa Queer, Régis Mikail, editor da Ercolano, e Amara Moira, escritora e pesquisadora

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