O desafio de ser clássico e contemporâneo

Em abril deste ano, celebra-se o primeiro aniversário da Ercolano. Desde o lançamento inaugural com A Menina que não fui, a editora tem recebido comentários sobre seu projeto gráfico, a maioria deles elogiosos, o que enche a equipe de alegria.

A Ercolano, desde sua concepção, buscou marcar presença como uma editora singular, e isso reflete não apenas no conteúdo literário que oferece, mas também na estética que envolve cada obra. Em parceria com o Estúdio Margem, a programação visual da Ercolano foi moldada através de inúmeras conversas e reflexões, impulsionadas pelo desejo de criar uma editora que fundisse harmoniosamente o clássico com o contemporâneo.

O projeto gráfico da Ercolano não é apenas uma escolha estilística; é um conceito que permeia cada página produzida. Em cada detalhe, busca-se equilibrar a atemporalidade dos clássicos com uma abordagem visual que converse com o público hiperconectado de hoje.

“Desde a primeira ideia, Régis e eu procuramos estabelecer alicerces conceituais sólidos para a Ercolano. Sem isso, não haveria como darmos início ao processo de construção do manual de marca e da identidade visual da editora” afirma Roberto Borges, um dos editores fundadores da Ercolano junto com Régis Mikail.

“Além de obras clássicas, raras, pouco conhecidas, existe o desejo de publicarmos autores contemporâneos no futuro. Também existe o desafio de abarcarmos outras linguagens como dramaturgia, música e poesia. Como encontrar uma identidade visual que dê conta dessa tarefa?”, indaga Régis.

Coube a Alexandre Utchitel e a João Pedro Nogueira do Estúdio Margem reunirem todas as referências clássicas trazidas pelos editores e traduzi-las visualmente para os leitores de hoje. As imagens das escavações da cidade de Ercolano, seus afrescos, formas geométricas, as plantas arquitetônicas, a tipografia romana, a guarda marmorizada dos livros antigos… tudo isso serviu de alicerce para a criação da identidade visual.

O toque contemporâneo veio depois, com a inserção de outros elementos mais modernos como o código de barras na capa, o ISBN [1] em destaque na contracapa e as combinações cromáticas inusitadas, sempre em duas cores.

Para além da atenção dedicada à estética, na Ercolano existe também uma análise criteriosa da produção gráfica. A seleção de papéis, texturas e o manuseio do livro desempenham papel fundamental no resultado da percepção final. Roberto alerta para o risco: “mesmo que um projeto seja excepcional, a negligência nos detalhes durante a execução pode comprometer o esforço de toda uma cadeia produtiva”.

Enquanto a Ercolano procura trilhar seu caminho como uma editora que desafia as expectativas, o futuro promete a expansão dessa missão. A busca por uma identidade visual que abrace o clássico e o contemporâneo é o ponto de partida, a pavimentação de um caminho para novas narrativas, novos autores e novas formas de expressão artística. Nesse cenário, a Ercolano pretende oferecer aos leitores uma experiência única que transcende os padrões estéticos do tempo.

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[1] International Standard Book Number, que em português significa Número Padrão Internacional do Livro que serve para identificar internacionalmente cada publicação.

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