Paul Reboux, “Príncipe?”. Gil Blas, 24/07/1912.

Paul Réboux foi romancista, jornalista, pintor e humorista. Sua obra mais conhecida são os três volumes intitulados À la manière de… [“À maneira de…”] nos quais faz pastiches com a prosa e o estilo de escritores famosos.

Sua opinião sobre o romance de Ryner é a mais condescendente das três, louvando a audácia de Ryner em abordar o tema em tempos de literatura burguesa “água-com-açúcar”.

“[…] finalmente li La fille manquée.
Ainda estou tremendo por causa daquele lá!

As ‘Escolas’ vão ter um mestre que tem curiosos momentos de clareza sobre os costumes dos jovens alunos. Ali, trata-se apenas de mãos metediças, de condescendências recíprocas. Um dos heróis afirma: ‘Ai de mim! A porta das alegrias ativas sempre esteve solidamente fechada à minha frente. As raras vezes em que a arrombei, num esforço exagerado, me machuquei.’ E quando os outros personagens dialogam, dizem uns aos outros: ‘Mais, mais… Faz de outro jeito agora… Assim… Assado…’ Ou declaram: ‘Oh! Morre-se…’ E não vou desenvolver aqui a natureza desse paraíso… Ah! O autor de La Fille manquée, do alto de seu pico, desce mergulhando em perspectivas bastante particulares…

Notem bem que não culpo o senhor Han Ryner por suas audácias. Pelo contrário, em um tempo no qual a literatura tende ao açucarado, fico contente em ver os jovens concordarem quanto à admiração deles por um escritor audacioso, um escritor cujas audácias de pensamento e de expressão vão na contramão dos burgueses, como nos belos tempos do romantismo. […]”

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